Habilidades básicas ou pré-requisitos necessários para a alfabetização

Esquema Corporal: Conhecimento adequado do corpo. Indispensável para qualquer tipo de aprendizagem, pois é através de uma boa formação deste pré-requisito que a criança torna o seu corpo um ponto de referência estável. É o seu corpo que servirá como base para a aprendizagem de todos os conceitos indispensáveis à alfabetização.
Lateralidade: O conceito de direita e esquerda é de muita importância para o processo de alfabetização, pois está intrinsecamente ligado ao conceito de imagem corporal e de lateralidade, permitindo à criança distinguir os lados em si, nas outras pessoas e nos objetos. Segundo Ajuriaguerra (1977) é esperado que, por volta dos 6 ou 7 anos a criança consiga reconhecer em si mesma estas noções. Iniciar o aprendizado da leitura e da escrita sem a aquisição destes conceitos pode implicar em confusões na orientação espacial. A criança poderá apresentar dificuldades para discriminar letras que diferem quanto à posição espacial, bem como, em relação ao sentido direcional da leitura e da escrita. É comum, que a ausência desta habilidade contribua para a escrita especular (em espelho).
Orientação Espacial – Relação entre o objeto e o observador.
Orientação temporal – O domínio de determinados conceitos (ontem, hoje, amanhã, dia, mês, ano, horas, estações do ano, etc.) permitem que a criança se oriente no tempo durante a realização de atividades.
Ritmo – É uma condição inata do ser humano. Habilidade importante, pois dá à criança a noção de duração e sucessão, no que diz respeito à percepção dos sons no tempo. A falta de habilidade rítmica pode causar uma leitura lenta, silabada, com pontuação e entonação inadequadas.
Análise-síntese visual e auditiva – É um dos pré-requisitos mais importantes para a aprendizagem da língua escrita. A língua portuguesa é uma língua alfabética, ou seja, cada letra representa um determinado som. Desta forma, a leitura inicial ou decodificação das palavras impressas em um livro, geralmente, ocorre através de um processo analítico-sintético. A criança ao ver uma palavra deve decompô-la em suas partes constituintes (análise) e recompô-las, unindo as partes ao todo (síntese). Dificuldades neste processo acarreta problemas em conseguir dominar o arranjo das letras ou sílabas para formar outras palavras.
Habilidades visuais específicas – O perfeito funcionamento dos olhos já é, por si só, um pré-requisito muito importante para o aprendizado da leitura e da escrita. É de suma importância um treinamento específico em percepção e discriminação de semelhanças e diferenças; percepção de formas e tamanhos (diferentes grafias, por ex.); percepção de figura-fundo e memória visual. Se existem falhas na discriminação de figura-fundo e a atenção é dispersa, pouco ou nada se conseguirá memorizar.
Acompanhamento visual – Refere-se ao deslocamento dos olhos ao longo da linha tanto no ato de ler como de escrever. As dificuldades relacionadas ao movimento ocular são as causadoras de uma leitura lenta e silabada caracterizada por inversões, omissões e adições de letras, sílabas e palavras. Na escrita, incidem na realização motora de letras, palavras ou figuras ,devido à falta de coordenação entre os movimentos dos olhos e os da mão.
Coordenação viso-motora – Implica na completa integração entre a visão e os movimentos do corpo. As crianças que não conseguem coordenar os movimentos da mão com o movimento ocular terão dificuldades em todas as atividades que envolvam a coordenação viso-motora (olho-mão), perdendo a noção da seqüência na execução da produção gráfica.
Habilidades auditivas específicas – É por meio do sistema auditivo e visual que as informações gráficas são recebidas e conduzidas ao cérebro para serem analisadas, comparadas com outras informações e armazenadas na memória. Se os receptores visuais ou auditivos, que são o contato entre o Sistema Nervoso Central (SNC) e o ambiente, não conseguirem captar de forma adequada as estimulações ambientais, então o cérebro lidará com informações distorcidas, não havendo possibilidade de criar padrões fixos de respostas para as estimulações que são recebidas. É necessário que haja uma estimulação a nível de discriminação de sons, de figura-fundo e memória auditiva, para que o processo de aprendizagem ocorra com facilidade.
Memória cinestésica – É a capacidade da criança reter os movimentos motores necessários à realização gráfica. A memorização dos movimentos motores permite a acumulação das experiências motoras e impede o constante reaprender.
Linguagem oral – constitui um pré-requisito que serve de alicerce à aprendizagem gráfica e requer uma distinção entre: prolação ou pronuncia (a criança que apresenta dificuldades em pronunciar corretamente as palavras) poderá vir a encontrar sérios obstáculos no aprendizado da leitura e escrita. A falta de associação entre os sons que ouve com os movimentos articulatórios necessários a sua reprodução oral, também gera dificuldades, pois a criança não consegue associar os sons falados e ouvidos aos movimentos gráficos que os representam na linguagem escrita.
Função social da escrita e da leitura – É o entendimento de para que serve ler e escrever. As crianças que vivem em uma sociedade letrada observam os atos de leitura e escrita dos adultos e de parceiros mais experientes e tentam compreender seus diferentes usos e funções, formulando hipóteses, buscando informações, fazendo inúmeras perguntas e experiências. Nesse processo, acabam descobrindo que a escrita serve para auxiliar a memória, expressar sentimentos, comunicar-se, organizar idéias, divertir-se e muitas outras utilidades práticas. Conhecer diferentes tipos de letras e saber usá-las em práticas diferenciadas; entender de que maneira esses sinais se organizam representando o que se pretende escrever, organizar a escrita no papel e ler seguindo uma direção convencionada culturalmente, de cima para baixo e da esquerda para a direita; segmentar as palavras, deixar um espaço entre elas quando as escrevemos; saber utilizar parágrafos e sinais de pontuação, entre outras.

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